Transcrição da Entrevista
Local da entrevista: Unidade Estruturada do Espectro de Autismo da Escola Básica 1 e jardim de Infância Conquinha
Profissão da Entrevistado: Professora de ensino especial da Unidade Estruturada de Autismo
Data: 19 de Novembro
Local: Sala da Unidade
Duração: Uma hora e cinquenta minutos
Hora da entrevista: 10:00h da manhã
Inicialmente o grupo precedeu aos habituais formalismos e legitimação da entrevista e de seguida, com a autorização para a gravar, procedeu a execução da mesma.
Grupo: Qual a sua formação profissional?
Entrevistada: Possuo o bacharelato em 1º ciclo, como formação inicial. Adquiri o grau de licenciatura na frequência de curso de formação especializada em educação especial, no domínio das problemáticas de risco. Posteriormente, frequentei uma pós graduação na mesma área (ed. Especial), no domínio emocional e da personalidade.
G: Tem alguma formação em educação especial?
E: Tal como já referi anteriormente, tenho uma pós graduação na área de Educação Especial. Neste momento estou na Unidade de Autismo… não quer dizer que continue, porque nós somos colocadas todos os anos, o agrupamento distribui as pessoas pelos locais, mas… sou efetiva do grupo. Não sei se para o ano ficou aqui, se não fico… o grupo decidirá.
G: Qual sua atual atividade profissional?
E: Sou docente de ensino Especial.
G: Que funções desempenha?
E: Desempenho funções na Unidade de Ensino Estruturado (UEEA) da EB1/JI da Conquinha; também presto apoio indireto a alunos de outros níveis de ensino (3º ciclo e secundário), abrangidos pelo Dec.-Lei 3/2008.
G: Como está estruturada a Unidade?
E: A UEEA é constituída pelos recursos físicos, mais especificamente pela sala de ensino estruturado, e pelos recursos humanos, como docentes, assistentes operacionais e técnicos especializados (psicóloga, terapeuta da fala, TSEER). Em termos físicos, a sala de ensino estruturado está constituída por diversos espaços delimitados entre si, aos quais denominamos de áreas: área do aprender, área do trabalho individual, área da reunião/trabalho de grupo (é o mesmo espaço), área do computador, área do brincar; a área de transição situa-se num dos lados dos armários da cada cabine individual. Existe também um espaço destinado para os alunos acalmarem, em caso de descontrolo emocional, e um wc. Na dinâmica da sala, existe uma estrutura temporal que é definida nos horários individuais de cada aluno, os quais contemplam diversas atividades educativas (na UEEA, na turma, em gabinete, no polivalente, com docentes, pares, assistentes operacionais e técnicos especializados).
G: Como caracteriza as instalações da Unidade Estruturada ?
E: Atualmente o espaço da sala de ensino estruturado é maior, tendo havido obras de ampliação antes do início do ano letivo. Este aumento permitiu a existência de mais duas cabines de trabalho individual (para os alunos que entraram este ano) e um espaço mais amplo na área da reunião/trabalho de grupo e na área dos computadores.
G: Considera-as as mais indicadas?
E: As obras permitiram um espaço mais satisfatório do que o anterior, mas ainda insuficiente.
G: Se não, o que seria pertinente mudar?
E: Considero que seria necessário um espaço maior para os alunos acalmarem, onde se pudessem também fomentar, com materiais apropriados, atividades de relaxamento.
G: Quais os problemas com que a UEA se depara?
E: Apesar da UEEA receber periodicamente verba para a aquisição de material, é sobretudo para material de desgaste, o que nos reduz as hipóteses de adquirir material informático com mais regularidade. Todas as fichas de trabalho são feitas pelas docentes, recorrendo a imagens de objetos reais para um acesso mais facilitado aos conceitos, no entanto o facto de haver limitação nas cópias a cores prejudica uma boa visualização das imagens e, consequentemente, dificulta a aprendizagem. No entanto, o maior problema prende-se sobretudo com a insuficiente carga horária de alguns técnicos especializados do Centro de Recursos para a Inclusão (CRI), em particular da terapeuta da fala e TSEER.
G: Quais as habilitações literárias necessárias para ser auxiliar na UEA?
E: Todos os assistentes operacionais desta sala têm o 12º ano.
G: Existe alguma formação específica facultada às auxiliares da UEA?
E: Um dos assistentes operacionais (auxiliar colocada pela DREL) recebeu formação especializada em autismo, pela DREL, aquando a abertura desta Unidade. Os outros assistentes, colocados pela Câmara Municipal e Junta de Freguesia, receberam informação específica, sobre a temática do autismo, das docentes da Unidade em parceria com os técnicos do CRI.
G: Quem é o responsável por essa formação?
E: Em qualquer caso, a formação deverá ser sempre da responsabilidade da tutela que, neste caso, é o Ministério da Educação.
G: Qual a visão que tem sobre as crianças desta unidade relativamente aos seus níveis de interação social e da saída da zona de conforto?
E: Isso é uma pergunta difícil de responder... Eu se calhar sou bocadinho suspeita de falar, porque todos eles têm feito um percurso positivo desde que vieram para a unidade, mas o trabalho não é só meu, mas sim da escola, dos professores, dos colegas, é do trabalho dos terapeutas mas também dos pais e do seu envolvimento em acreditar, é como se entregassem um bebe, eles não sabem explicar nada. E acho que é esse trabalho de equipa e estarmos todos em sintonia que as coisas vão andando. É um percurso que se faz muito devagarinho, pois estes miúdos não interagem entre eles nem com os outros mais crescidos e quando existe são interações muito fugazes, os outros vão ter com eles mas eles não vão ter com os outros, eles brincam muito ao lado.
O que realmente é uma patologia complicada a nível da interação. Interação e comunicação são sem dúvida os maiores problemas destas crianças. E claro sem comunicação não é interação. Estão altamente interligadas. São as principais, juntamente com os comportamentos, e os comportamentos não eles gritarem, pois a parte comportamental engloba tudo, pode ser ate estarem sempre a bater com uma coisa. Portanto estes miúdos não interagem uns com os outros, e mesmo connosco as interações são muito de necessidades. É assim eles vem ter connosco geralmente só quando precisam de alguma coisa. Pois somos o objeto que proporcionamos aquilo que precisam. É tão claro como a água. Mas nós acreditamos que há sempre mais qualquer coisa. Porque a maneira como eles se relacionam com uma pessoa é diferente dependendo de cada pessoa. Eu por exemplo para eles sou a autoridade, autoridade completa. E eu não me importo nada. Eles necessitam de regras, de ser regrados e haver limites.
Assim, apesar de todas as crianças que frequentam a Unidade apresentarem problemática no âmbito do espetro do autismo, a verdade é que apresentam características muito distintas entre si, pelo que de facto existem vários níveis de interação social: alguns têm uma participação mais limitada ao contexto escolar e familiar, outros interagem também em contextos mais alargados, como a catequese, escuteiros, tempos de férias,…
G: Considera que as crianças autistas, nomeadamente as da Unidade têm uma zona de conforto?
E: Têm uma zona de conforto muito própria e precisam de estar nessa zona de conforto quando estão desorganizados. Mesmo quando os pais vêm com a conversa de que o filho está sempre a bater com o mesmo objecto eu própria não me importo e o objectivo é que ele vá batendo cada vez menos. Porque ele precisa para se organizar. Portanto é assim, a zona de conforto deles que pode ser, ler um livro ou cantar uma música. Normalmente são as suas estereotipias, nós também temos os nossos momentos e precisamos deles, nem que seja uma música. Eles precisam sobretudo de estar muito organizados.
G: Tendo em atenção a zona de conforto qual a sua opinião relativamente ao facto de afastar as crianças dessa mesma zona?
E: Se nós conseguimos organizar os espaços deles, ele não podem desconfiar. O nosso objetivo é traze-los para o nosso mundo, ou seja é conseguir cada vez mais e que venham cada vez mais para o nosso espaço, coisas melhores. Retira-los cada vez mais a fazer cada vez mais coisas fora dessa zona de conforto, onde só precisem ir de vez em quando. É tira-los completamente da zona de conforto. Eu sou completamente a favor de os tirar dessa zona de conforto, eles têm de ser cada vez mais integrados na sociedade em que estamos inseridos, e não é fácil mas é preciso e eu aposto o máximo. Tento baralhar e criar momentos diferentes. Mas não podemos exigir logo tudo, temos de ser adaptáveis a cada uma destas crianças, só assim é que vamos conseguir ter algo positivo, e que esperamos da parte deles. Mas há mesmo muito trabalho por de traz. O objetivo é mesmo transportar para o nosso mundo e para as coisas, adapta-los a situações mais reais.
G: Que atividades costuma utilizar com as crianças?
E: São promovidas atividades de observação e manipulação que visam a aquisição de conceitos básicos para a aprendizagem. Investe-se bastante na área académica, sempre que o perfil educacional do aluno assim o permita, fomentando atividades de cariz funcional e que estejam de acordo com o definido nos PEI. Para tal, recorre-se aos conhecimentos prévios de cada aluno, às suas vivências/experiências e interesses. Isso é tudo o que possam imaginar e mais alguma coisa (risos). Portanto, dentro das capacidades deles e dentro dos currículos deles, é trabalhar de facto as autonomias, como ensinar a lavar as mãos ou ensinar a ir à casa de banho, andar na rua, de bicicleta etc.. as coisas básicas do nosso dia-a-dia. Tentamos explorar e preparar para um futuro mais autónomo. E depois temos a parte académica de ensinar a ler e escrever e fazer contas, as cores. Tudo o que o ser humano possa precisar. Porque estes miúdos não aprendem sozinhos. Ou sejas as coisas básicas que todos os miúdos aprender, só de olhar para o outro…estes miúdos não tem essa capacidade. Eles não aprendem a lavar as mãos só pelo pai estar a lavar as mãos. Eles não aprendem por querer aprender. E depois aprendem coisas de uma forma que nós não sabemos como é que as aprendem. Há miúdos com quatro anos que escrevem tudo. Há meninos aqui na unidade que eu ainda não sei bem o que eles sabem. Há uma grande ambiguidade. Tenho de ser muito preexistente e repetir muitas vezes as mesmas coisas. Só assim é que consigo fazer com que eles venham a saber alguma coisa. Isto não é fácil (risos)
G: Como é feita a avaliação dos alunos no seu contexto de sala de aula?
E: Todos os alunos frequentam a sala de aula, realizando atividades/tarefas que estejam de acordo com o PEI, quer sejam adequações curriculares individuais, quer sejam currículos específicos individuais. A avaliação destas atividades/tarefas insere-se na avaliação contínua e é feita por todos os docentes envolvidos. No entanto, se for um miúdo que eu já conheço, um miúdo que já cá esteve, eu vou pegar na avaliação que fiz no final do ano letivo e vou pegar nos itens que eu avaliei e vou ver como é que eles fazem. Na altura em que eles não estão aqui muita coisa muda. Há recessões, há coisas que eles aprendem e que ninguém lhes ensinou e eles dão saltos brutais e depois há outras coisas que nos falam, as vezes comportamentos desadequados, que vamos ter de trabalhar. é feita uma avaliação através do que é feito do ano anterior da avaliação final , é feita uma observação. Se é um miúdo que eu já conheço consigo perceber perfeitamente como é que ele está. E depois conversa-se com os pais. Por exemplo os pais podem dizer: em casa neste momento ele está muito bem mas começou a fazer isto ou voltou a fazer isto. E é uma questão de perguntar “como vamos fazer?” E depois é elaborado um novo currículo. O mesmo faço com as terapias. Definimos objetivos para aquele miúdo. Quando é um miúdo novo, demora mais tempo porque primeiro, tenho de estudar a parte documental toda, tenho de estudar desde que ele nasceu e ver o seu percurso. Depois faz-se uma avaliação especializada sobre o perfil de funcionalidade. Que é o que me vai dar a base de partida para trabalhar com ele. As várias áreas: dinamização, a apreciação está tudo no perfil e também diz que tipo de autismo é que é. Depois é ver o miúdo, observá-lo, em contexto. Ver como é que ele faz, como é que ele reage, quais são os problemas comportamentais dele, tudo. E conversas muito, e conversas com os pais. É fundamental com estes miúdos também conseguir acompanhar os pais. E é engraçado que mesmo assim eu ao fim de por exemplo, quatro anos tenho uma muito boa relação com todos estes pais, uma relação de técnica mas de amizade também. Eles vêm todos os dias à unidade de manhã trazer os miúdos a unidade e conversamos todos os dias. As vezes eles deixam sair: “ Ah mas eu dei-lhe papa e sopa em casa” e eu digo: “ O quê? Não me diga que ainda lhe passa a sopa em casa!”. É assim que eu venho a descobrir e digo “ Não pode estar a falar a serio...Por amor de Deus. Você é enfermeira. Ela tem dentes para quê? Ela tem autismo, ela não é desdentada”. Pronto e com estas coisas vamos conseguindo mudar algumas coisas, mas o currículo é feito, o PEI é elaborado por todos e o currículo é feito por mim com base no que consideramos ser importante para aquele miúdo naquele momento. E depois vamos trabalhando e vamos avaliando. E depois há reunião de avaliação no final de cada semestre. Com os pais e com os professores. Depois é fazer trabalho com os professores, trabalho com a escola, trabalho com os pais. É assim uma tríade também que temos de estar todos. Nós acima de tudo temos de pensar o que é que é importante para a qualidade de vida dos pais, as vezes focamo-nos muito no aluno. Existem muitas pessoas que não dão valor às auxiliares e as auxiliares são fundamentais.
G: Que tipo de atividades acha que resultariam com estas crianças?
E: São precisamente as atividades que realizam, pois são pensadas tendo em conta as especificidades de cada aluno e os objetivos que devem atingir. No entanto, cada caso é um caso. É assim... acima de tudo temos que ter as três áreas em conta, que é a interação, comunicação e os comportamentos. Essas três áreas têm de estar contempladas. É avaliar, ver o que ele/a é capaz de fazer. Eu já os consigo baralhar sem eles se baralharem, já se conseguem começar a habituar. E isso é muito bom. Eles primeiro têm que ser organizados e ser rotineiros, tem de estar tudo muito bem definido para que depois, nós podermos retirá-los da rotina, e eu só consigo fazer isso quando estes miúdos estão organizados e bem. Quando eles estão bem, eu baralho-lhes o sistema, porque depois eles já não se desorganizam. Mas claro que há exceções, esta menina por exemplo, eu ainda não posso desorganizar. Ela fica muito baralhada e descontrola-se, então tenho de ir aos poucos, mas isso é como tudo.
G: Quais são os principais desafios da sua atividade profissional?
E: O maior desafio do professor/educador é, através da sua ação educativa, preparar o melhor possível os seus alunos para a sociedade. Isto é válido para todos os professores e para todas as crianças, independentemente dos défices que estas podem apresentar, pois de uma maneira ou de outra, com maior ou menor frequência, todos devem ter oportunidade de participar na sociedade.
G: Quais os principais constrangimentos com que se depara na sua atividade profissional?
E: Principal constrangimento: quando me apercebo que aquilo que as famílias dizem fazer e querer para os seus educandos nem sempre corresponde aos sinais que regularmente observo e que, por vezes, indicam uma realidade bem diferente. Nessas situações, fico “entre a espada e a parede”, tentando não ultrapassar os limites da minha ação, enquanto profissional, na defesa dos interesses da criança.
G: Quais são para si as vantagens que considera importantes na sua atividade profissional?
E: Através da minha ação ou comportamento conseguir modelar os comportamentos do meus alunos, tornando-os mais assertivos e adequados nas interações sociais; explorar a minha criatividade na procura de estratégias que visem a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de competências.
G: Como pensa que é vista a educação/formação especial pela sociedade, em particular pela sociedade portuguesa?
E: Olha, eu acho que ainda pensam que são todos uns coitadinhos. Acho que devemos pensar é no que é que os portugueses pensam que é a educação. Hm? Primeiro, para eles a Educação Pré-Escolar é tomar conta dos putos. Isto é preto no branco, a Educação Pré-Escolar, poucas pessoas são aquelas que vêem como uma etapa importante, de desenvolvimento dos miúdos. Educadora? Tomar conta dos miúdos não dá trabalho nenhum. Esta é a visão global que as pessoas têm. Quanto à educação Especial, são uns coitadinhos que andam para ali, isto preto no branco. Ahhh…. Que até têm os recursos todos e que se calhar nem deviam estar ali, se calhar deviam estar noutro sítio. E depois o que acontece é exatamente o que eu disse há bocado, que é quando eles são pequenos, que tudo corre bem. Na adolescência, esses miúdos desaparecem, porque ninguém é amigo de um miúdo que se baba, ou que não fala. Eles são amigos de quem tem o cabelo comprido como eles, são amigos de quem tem as calças de ganga iguais a eles, porque isso faz parte do crescimento. O que eu acho é que esta sociedade é mais tolerante à diferença. Isso é o ganho que nós temos tido com a inclusão cada vez mais cedo dos miúdos na escola. Os miúdos, primeiro, já não estão escondidos em casa, porque antes não se sabia quantos miúdos com deficiência havia, já não estão escondidos em casa, já saem, já vão e pronto, eu acho que essa é a grande diferença. Os miúdos já não se afastam deles e se calhar são mais tolerantes para eles. Ahh… e eu acho que basicamente é isso, porque depois chega a uma certa idade eles já não fazem mal, passam por eles e fazem uma festinha e depois vão ter com os amigos. Se calhar, quando passarem essa fase da adolescência, já vão ser capazes de ter um amigo com autismo, mas têm de passar essa fase da parvoeira, das saídas, dos grupinhos, isso faz parte. Até podem ter um amigo com autismo, mas não é um amigo com quem andam na escola, porque senão são excluídos do resto dos grupos. Mas isto são as relações humanas, agora o que acho é que para estes miúdos é bom, é bom saírem de casa. E já não olham para eles na rua e são tratados já como seres-humanos.
G: Que tipo de intervenção aconselharia que fizéssemos com estas crianças a partir de Janeiro? ( atividades …)
E: Promoção de atividades que desenvolvam competências funcionais de vida diária e que requeiram contato com ambientes extraescolares: fazer pequenas compras, percorrer itinerários, …
G: Chegámos ao fim da entrevista. Quer acrescentar mais alguma coisa?
E: Esta iniciativa de pedirem aos alunos para intervir numa Instituição que se relacione com os seus sonhos futuro é muito interessante. Aproveitem estes momentos porque iram servir de modelo um dia. É sempre bom termos novos elementos na Unidades. É sempre um apoio. Ainda para mais pessoas com vontade de trabalhar e intervir. É muito bom ter-vos por cá.
G: Obrigado por tudo.
E: De nada, se precisarem de alguma coisa, digam meninas.